O “boom” do agro: por que o Brasil se tornou o maior exportador de soja e milho do mundo?

Entrevista de Arthur Longo Ferreira para a LexLatin

O Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior exportador global de milho na safra 2022/2023, que encerrou em 31 de agosto. Os dados são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil. As exportações de milho representam um alimento fundamental para rebanhos em todo o mundo.

Agora em 2023, o Brasil responde por 32% das exportações globais do grão, com 56 milhões de toneladas. Os Estados Unidos representam 23% do total, com pouco mais de 41 milhões de toneladas. Os dois países são responsáveis por mais da metade do volume global (177,5 milhões de toneladas).

Diversos fatores explicam a ascensão do Brasil como líder nas exportações desse item. O país colheu uma safra notável, e a China, um dos principais compradores de milho dos EUA, está ampliando suas fontes de suprimento de grãos. Enquanto isso, nos Estados Unidos, a produção de milho diminuiu devido a condições climáticas adversas e ao aumento dos custos, com uma parcela crescente sendo direcionada para a fabricação de biocombustíveis, farelo e óleos vegetais.

Uma eventual conversão de áreas de pastagens para a lavoura de milho e mesmo a valorização desse grão podem acabar impactando no preço da proteína animal no mercado interno e na inflação.

De acordo com as projeções da USDA para a safra 2022/2023, o Brasil deve exportar cerca de 21,5 milhões de toneladas de farelo de soja, enquanto a Argentina exportará aproximadamente 21,2 milhões de toneladas, contribuindo para um total global de 66,478 milhões de toneladas de farelo de soja exportado por todos os países.

“Nos últimos anos, o país solidificou sua posição como uma das principais potências exportadoras de commodities agrícolas do planeta. Esse feito é atribuído a uma confluência de fatores, notadamente a extensão de terras aráveis, grandes latifúndios, condições climáticas favoráveis, tecnologias agrícolas de ponta e uma demanda crescente no cenário internacional por produtos alimentícios”, avalia Arthur Longo Ferreira, sócio da área de mercado de capitais do Henneberg, Ferreira e Linard Advogados.

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