Entrevista para o portal BPMoney. Leia a íntegra
Os pedidos de recuperação judicial das varejistas expõem o cenário de crise, com as dívidas milionárias que se aprofundaram desde a pandemia. No entanto, além do cenário econômico, a governança, é outro ponto chave nesse processo de deterioração nas contas das empresas.
O quadro econômico é desfavorável, de fato, com a taxa de juros alta, dificuldade de financiamentos e concessão de créditos. Porém, as estratégias implementadas pelas varejistas também chamam atenção de juristas.
O caso da Americanas (AMER3), com o rombo de R$ 40 bilhões que forçou o pedido de recuperação judicial, em 2023, com o saldo de R$ 23 bilhões a ser pago aos credores, lançou luz, posteriormente, sobre as dívidas milionárias das demais empresas do setor.
A Casas Bahia (BHIA3) entrou com o processo de recuperação extrajudicial, com dívidas na casa dos R$ 4,1 bilhões. Recentemente, foi a vez da Tok&Stok, Casa do Pão de Queijo, Subway, Sidewalk, Novo Mundo, Rede Dia e Avon tentarem negociar suas dívidas milionárias com os credores.
Mas o cenário pode reservar mais dificuldades para a conta, visto que a economia brasileira não está caminhando conforme as projeções iniciais do BC (Banco Central), o que tem levado o Copom (Comitê de Política Monetária) a adotar um tom mais duro quanto à Selic (taxa básica de juros), considerando, inclusive, uma alta.
A taxa elevada é mais um obstáculo para que as varejistas consigam se reerguer e as pressiona na busca por soluções imediatas, explicou Arthur Longo Ferreira, sócio das áreas de Direito dos Mercados Financeiro e de Capitais do Henneberg, Ferreira e Linard Advogados.
Além da renegociação das dívidas, se proteger contra flutuações dos juros e do câmbio também é importante e não se deve descartar a opção de vender ativos não essenciais para gerar caixa.
“A captação de novos investimentos, seja por meio de emissão de ações ou atração de investidores estratégicos, também pode ser uma saída viável”, disse Ferreira.